O Brasil vive uma grave crise de saúde mental no ambiente de trabalho. Em 2024, aproximadamente 500 mil trabalhadores foram afastados de suas funções devido a transtornos psicológicos — o maior número registrado em uma década, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social. Ao todo, foram 472.328 casos, um aumento de 68% em relação a 2023, que registrou cerca de 280 mil afastamentos.
Os transtornos mais recorrentes entre os afastamentos são depressão e ansiedade, evidenciando um cenário preocupante que afeta diretamente a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores.
Diante dessa realidade, a campanha Abril Verde, voltada à prevenção de doenças e acidentes relacionados ao trabalho, ganha ainda mais relevância. A iniciativa busca conscientizar empresas, instituições públicas e a sociedade civil sobre a importância de ambientes laborais mais saudáveis e acolhedores.
Especialistas alertam para a urgência de políticas de saúde mental no ambiente corporativo. Matheus Souza Steglich, psiquiatra do Instituto São José, destaca que os afastamentos refletem problemas não apenas no espaço profissional, mas também na vida pessoal dos trabalhadores.
“Empresas devem oferecer suporte psicológico e estratégias preventivas para evitar o esgotamento”, afirma o médico.
A negligência em relação aos sinais de sofrimento psíquico pode agravar quadros clínicos e dificultar a reinserção no mercado de trabalho. A criação de ambientes organizacionais positivos, com benefícios adequados, oportunidades de qualificação e remuneração justa, é apontada como fator-chave para mitigar os impactos da crise.
A campanha do Abril Verde reforça a importância de ações conjuntas — públicas e privadas — para enfrentar o crescente adoecimento mental dos trabalhadores no país. Mais do que uma questão de produtividade, trata-se de preservar a saúde e a dignidade humana.
