Por muito tempo, quem sofria com dores constantes e cansaço extremo era acusado de exagero. “Frescura”, “preguiça”, “drama” — esses foram os rótulos injustos impostos, principalmente às mulheres, que convivem com a fibromialgia. Hoje, a ciência é categórica: a dor é real, tem base neurológica identificável e pode ser tratada.
Como reconhecer a fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome de dor crônica generalizada. Os principais sintomas incluem:
Dores persistentes em várias partes do corpo (musculares e articulares)
Sensibilidade exagerada a toques leves ou temperaturas
Fadiga intensa, mesmo após descanso
Dificuldades de memória e concentração (o chamado “fibro fog”)
Distúrbios do sono
Ansiedade, depressão ou alterações de humor.
A cientista sueca Eva Kosek, referência internacional na área, comprovou que pessoas com fibromialgia apresentam falhas no sistema nervoso central, que amplificam sinais de dor. Ou seja, o cérebro processa estímulos comuns como se fossem ameaças, provocando dores reais e incapacitantes.
Pesquisas recentes mostram, inclusive, sinais de inflamação cerebral em regiões associadas à dor e à fadiga, reforçando o reconhecimento da fibromialgia como condição neurológica legítima.
Diagnóstico é clínico, mas confiável.
Ainda não há um exame laboratorial específico para detectar a fibromialgia. O diagnóstico é clínico, feito por reumatologistas ou neurologistas, com base nos sintomas, tempo de duração e exclusão de outras doenças.
Tradicionalmente, considera-se o critério de dor crônica por mais de três meses, em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo. Critérios modernos também levam em conta fadiga, sono não reparador e problemas cognitivos.
Fibromialgia é uma doença reconhecida.
Desde 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a fibromialgia como uma condição médica real, com impacto direto na qualidade de vida. Estima-se que 90% dos casos ocorram em mulheres entre 30 e 60 anos.
“A dor é invisível, mas o sofrimento é real. Precisamos romper o estigma de que quem sente dor crônica está inventando”, defende Eva Kosek. Atualmente, a medicina classifica a fibromialgia como dor nociplástica – um novo tipo de dor causada por falhas nos mecanismos de regulação do próprio sistema nervoso.
COMO ALIVIAR OS SINTOMAS: ESTILO DE VIDA É ALIADO
Embora não haja cura definitiva, é possível controlar os sintomas com tratamento multidisciplinar, que envolve medicamentos, alimentação adequada, psicoterapia e atividade física.
Alimentos que auxiliam no controle da dor.
Uma alimentação anti-inflamatória pode ajudar a amenizar os sintomas:
✅ Ômega 3 (peixes como sardinha e salmão, chia, linhaça)
✅ Frutas vermelhas (morango, amora, mirtilo) – ricas em antioxidantes
✅ Verduras de folhas verdes (couve, espinafre, brócolis) – fonte de magnésio
✅ Cúrcuma (açafrão-da-terra) – potente ação anti-inflamatória
✅ Chá de camomila e erva-doce – favorecem o relaxamento e o sono
Evite:
🚫 Açúcares refinados e alimentos ultraprocessados.
🚫 Glutamato monossódico (presente em temperos prontos)
🚫 Excesso de álcool
🚫 Cafeína no período noturno
Exercícios que ajudam
Exercícios regulares regulam o humor, melhoram o sono e liberam endorfinas — hormônios naturais que combatem a dor.
Recomendações:
Caminhadas leves
Alongamentos diários
Hidroginástica ou natação
Yoga ou pilates
Exercícios de respiração e relaxamento.
⚠️ Comece devagar. A progressão deve ser gradual e sempre orientada por um profissional. Exagerar pode piorar os sintomas.
SUSPEITA DE FIBROMIALGIA? VEJA O QUE FAZER:
Registre seus sintomas: quando surgiram, intensidade, frequência e locais da dor.
Procure um médico de confiança: um clínico geral, reumatologista ou neurologista.
Mantenha um diário de dor, sono e alimentação: ele pode ser decisivo no diagnóstico.
Busque apoio: grupos de pacientes ajudam no acolhimento e troca de experiências.
Fibromialgia não é invisível para quem sente. Com informação, tratamento e apoio, é possível retomar a qualidade de vida.