Tão logo o Google lançou o Veo3, seu gerador de vídeos realistas por meio de inteligência artificial, a prefeitura de Ulianópolis, no Pará, divulgou um vídeo promocional do Concurso Interestadual de Quadrilhas Juninas.
Com duração de quase um minuto, o vídeo apresenta personagens fantasiados, com fala natural, dicção perfeita, elenco alinhado às características regionais e cenário cuidadosamente produzido.
Embora não seja 100% gerado por IA — houve necessidade de edição humana —, o material chama a atenção do mercado publicitário e audiovisual. Não foram utilizadas câmeras, iluminação, locações, atores nem produtores. Bastou um prompt bem estruturado. No entanto, isso não significa que os redatores estão a salvo dessa revolução.
Com US$ 249 (cerca de R$ 1.417 na cotação de 2 de junho), uma peça como a da prefeitura de Ulianópolis pode representar uma economia estimada de R$ 40 mil em relação aos custos tradicionais de produção audiovisual.
Além disso, modificações podem ser realizadas de forma muito mais rápida do que em produções convencionais.
Agências e produtoras com altos investimentos em equipamentos, equipes e estrutura física observam essa revolução com apreensão. Até mesmo atores, cuja performance depende do talento individual, acompanham o avanço da IA com cautela. Afinal, como reagirão quando surgirem os “atores populares de IA” ou os “influenciadores digitais artificiais”?
Os próximos meses devem ser marcados por transformações intensas. Empresas e sindicatos já articulam ações para pressionar o poder público a regulamentar o uso dessas ferramentas de inteligência artificial.