Um grave incidente ocorrido em uma escola estadual de Laranja da Terra, na região Serrana do Espírito Santo, ganhou repercussão na última semana. Entre os dias 7 e 14 de março de 2025, um professor de Química utilizou a mesma lanceta – instrumento perfurante de uso único – para furar os dedos de 43 ou 44 alunos durante uma aula prática de tipagem sanguínea. O caso, denunciado em 14 de março, envolveu estudantes das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, com idades entre 16 e 17 anos, de quatro turmas diferentes.
Segundo relatos, o docente, que lecionava Práticas Experimentais em Ciências, usou apenas álcool 70% para “higienizar” a agulha entre os usos, prática considerada inadequada por especialistas. Médicos alertam que o compartilhamento de agulhas representa alto risco de transmissão de doenças como HIV, hepatite B, hepatite C e infecções bacterianas. Após a denúncia, os alunos foram encaminhados a unidades de saúde para exames, que, na sexta-feira (14), deram negativo para infecções. Mesmo assim, por precaução, estão sob monitoramento médico por 180 dias, com testes adicionais marcados para 30, 60 e 90 dias. Amostras de sangue foram enviadas ao Laboratório Central (Lacen) em Vitória, e, na terça-feira (18), novos exames para hepatite B e C foram realizados.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) demitiu o professor, afirmando que a atividade não tinha autorização da coordenação pedagógica. O caso foi encaminhado à corregedoria da Sedu e está sob investigação pela Polícia Civil de Laranja da Terra, que ainda não divulgou mais informações. Relatos indicam que o professor fugiu da escola após o incidente, temendo represálias de pais indignados com os riscos à saúde dos filhos. Uma aluna de 16 anos declarou que confiou no professor, enquanto uma mãe questionou a falta de supervisão durante as aulas.
A revolta entre pais e estudantes é evidente. Apesar de a Sedu garantir que os alunos estão bem e frequentando as aulas, alguns adolescentes relatam sofrer discriminação na escola devido à possibilidade de infecção. A Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde, coordena o acompanhamento médico, e a prefeitura local ofereceu suporte adicional. Testes complementares realizados em 18 de março seguem sob análise.
O episódio reacendeu discussões sobre a segurança em atividades escolares, a capacitação de professores e a fiscalização nas instituições de ensino. A Sedu reforça que medidas estão sendo tomadas para evitar novos incidentes, mas o caso deixa um alerta sobre a necessidade de protocolos mais rígidos em ambientes educacionais.